segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Exercícios e Alzheimer

Exercícios e Alzheimer

José Aparecido da Silva

Projetado que, para 2050, 280 milhões de pessoas no mundo terão a doença de Alzheimer, é preciso lembrar que o envelhecimento cognitivo está, potencialmente, associado a isso. Em média, pessoas mais idosas exibem substanciais diferenças individuais no funcionamento cognitivo. Considerando várias tarefas, estudos demonstram que 40 a 50% dos idosos saudáveis desempenham tão bem quanto pessoas mais jovens. Portanto, entender as fontes de tais diferenças individuais nos ajuda na busca da minimização das conseqüências desta doença. Treinamento cognitivo e exercícios físicos têm sido investigados como meios de limitar o declínio cognitivo entre pessoas idosas saudáveis.

O envelhecimento é robusto fator de risco para a Doença de Alzheimer, bem como, para outras demências. De forma que, o envelhecimento da população resultará num aumento substancial da prevalência da demência se intervenções preventivas não forem, imediata e corretamente, identificadas. Recentemente, um estudo examinou a potencial associação entre exercícios físicos e diminuição no risco da incapacidade cognitiva com o envelhecimento. Para tanto, numa grande amostra de idosos, foram mensurados, em 1994, 1999 e 2004, as funções cognitivas e a participação num conjunto diferenciado de 23 atividades físicas. Além disso, também foram examinados status de vida, ou nível de independência, como uma função global do funcionamento relacionada à incapacidade cognitiva. Questões verificaram se os idosos participavam na atividade, quão freqüente era esta nas últimas semanas e o número de minutos por sessão de cada atividade. Também foram calculados o número de minutos, por dia, gasto na caminhada e trabalhos de jardinagem e no quintal.

Os resultados aumentaram o suporte ao corpo de evidência de que o exercício é uma intervenção robusta para diminuir o risco de incapacidade cognitiva relacionada ao envelhecimento. O interessante foi a forte associação com os diferentes tipos de atividades físicas realizadas pelos idosos. Em outras palavras, idosos que participaram de, pelo menos, quatro diferentes atividades físicas, num período de duas semanas, diminuíram seus riscos de demência quando comparados com aqueles que se engajaram em uma, ou nenhuma, atividade. Outro dado interessante é que as sessões de exercícios devem durar, ao menos, vinte minutos, pois, comparados com aqueles que exercitaram menos, sujeitos que se exercitaram, ao menos, três vezes por semana, em sessão maior, ou igual, a 15 minutos, diminuíram seus riscos 32%.

O número de diferentes atividades físicas foi um fator importante nas análises efetuadas cinco, ou dez, anos depois. Fortes associações entre exercícios e status de vida, ou nível de independência, também ocorreram. Portanto, exercícios físicos são, potencialmente, fatores redutores do risco de demência. (José Aparecido da Silva é professor da USP-RP)

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